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As violentas inundações provocadas por chuvas torrenciais que acompanham a passagem da tempestade Daniel causaram uma verdadeira catástrofe no leste da Líbia, especialmente em Derna, literalmente submersa pelas águas.
Para complicar a situação nesta cidade com vista para o Mediterrâneo, houve o rompimento simultâneo de duas barragens que – segundo fontes locais citadas pelo The Libya Observer - liberou 33 milhões de metros cúbicos de água que geraram devastadoras inundações.
Segundo o primeiro-ministro do governo da Cirenaica (costa oriental da moderna Líbia, uma referência à cidade mais importante da região na antiguidade, Cirene, ndr), Osama Hammad - que é apoiado pelo Parlamento de Tobruk -, nesta cidade de mais de 100.000 habitantes há “pelo menos 2.000 mortos e milhares de desaparecidos”.
Descrito pelos especialistas como um fenômeno extremo pela quantidade de água que caiu, a tempestade havia atingido nos dias precedentes também Grécia, Turquia e Bulgária, onde matou pelo menos 27 pessoas, além do rastro de destruição.
Depois de ter perdido intensidade, a tempestade voltou a ganhar força ao chegar à Líbia, com ventos que chegaram a 180 km/hora e precipitações entre 50 e 250 mm, segundo o Centro Meteorológico Regional Árabe, o que causou inundações em uma vasta área que vai de Benghazi até El Beida. De acordo com o Centro Nacional de Meteorologia da Líbia, a tempestade deverá avançar cada vez mais leste, ao redor das áreas de Jaghbub, e alcança as regiões al fronteira com o Egito.
O presidente do Conselho Presidencial da Líbia, Muhammad Manfi, declarou várias províncias da região nordeste da Cirenaica como “zona de desastre” e apelou à comunidade internacional para que forneça ajuda humanitária.
Al Manfi afirmou já ter contactado países como Espanha e Itália para coordenar o seu apoio e as petrolíferas Total (França) e Eni (Itália) comprometeram-se a fornecer três aviões à disposição do Governo de Benghazi na terça-feira. Tunísia, Egito, Argélia e Catar ofereceram ajuda.
O Crescente Vermelho anunciou a morte de três dos seus membros durante operações de resgate em Derna. A falta de recursos e o difícil acesso a estas zonas montanhosas obrigou equipas de resgate e cidadãos a retirar vítimas dos escombros com utensílios domésticos e a sepultá-las em valas comuns no cemitério de Martouba, a cerca de vinte quilômetros de distância, que recebeu até agora 350 corpos.
Foi também criada uma ponte aérea entre a capital, Trípoli, e a região oriental para transportar os feridos mais críticos e a companhia aérea nacional Afriqiya Airways ofereceu voos gratuitos para a circulação de pessoal médico e agentes humanitários.
O primeiro ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN), Abdulhamid Debiba, radicado em Trípoli, prometeu que o Estado indenizará todos os afetados pelas cheias e decretou três dias de luto pelas vítimas além de ordenar que as bandeiras do todo o país sejam içadas a meio mastro.
Por seu lado, o Executivo paralelo, apoiado pelo Parlamento e sediado em Benghazi, decretou este domingo e segunda-feira feriado em todas as instituições e escolas públicas - com exceção das forças de segurança, médicos e profissionais essenciais - da região da Cirenaica, que controla sua administração.
A Missão das Nações Unidas na Líbia (Unsmil) afirmou num comunicado que está acompanhando de perto a situação de emergência e está pronta para fornecer assistência humanitária urgente para complementar os esforços nacionais e locais.